Uma experiência inédita

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Olá a todos,

Estou tocando a vida na mesma rotina de antes: muito trabalho.

Ontem, 24/05, atendi em Pedro Leopoldo, cidade a 50 km de BH, cidade natal do Chico Xavier. Fiquei por lá o dia todo, saindo por volta de 18h.

Logo após a empresa Holcim, na estrada que liga a empresa à MG-424, em uma subida, estava ultrapassando alguns caminhões e de repente, a moto parou de acelerar. Baixei uma marcha e nada. Interessante é que a moto ainda tinha velocidade que foi suficiente para parar no acostamento e tentar descobrir o que aconteceu, mas já sabendo que o pior deveria ter acontecido: a corrente quebrou.

Mais precisamente o elo da emenda quebrou. Minha sorte foi tanta que não embolou e nem travou a corrente, o que poderia ter me jogado no chão com conseqüências nefastas. Ou bater num dos caminhões que eu ultrapassava. Graças a Deus nada disso aconteceu. Só de pensar se acontecesse isso na rodovia a 130-150 km/h, eu arrepio.

Parei, liguei para a seguradora para pedir o reboque, mas não queria perder o bonus acumulado durante esses 9 anos de seguro. Como não conseguia explicar onde me encontrava, liguei para meu irmão e ver se ele estava com o caminhão pequeno. Azar, não estava. Liguei para a Chopper Motos, oficina em que levo minhas motos, o dono mora em Vespasiano, que é imediatamente antes de Pedro Leopoldo. Também negativo. Ainda perturbei meu amigo Aloísio em Contagem.

Decidi levar a moto até a Holcim para deixa-la em algum lugar seguro. Consegui deixar no estacionamento dos empregados. Amanhã vou deixar a corrente e chaves para o pessoal da Chopper consertar e trazerem a moto para BH.

Tive que vir de ônibus para casa, depois de muito tempo ser fazer isso, falta de costume mesmo. Ainda bem que tenho a minha velha e vagarosa Bros 150.

Abraço a todos.

Marcio



Em casa

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Olá a todos,

Esse post talvez ainda tenha atualizações daqui pra frente, pois vou alimentá-lo aos poucos. Visitem-no com freqüência, não serão coisas grandiosas, mas penso que pode ser útil para os que queiram viajar, tanto para a Argentina, Uruguai ou outros países e mesmo no Brasil. Terá muito do que vivenciei nesses dias e de outros viajantes. Links importantes, fotos, preços, palavras (tudo dentro do que minha mente permitir lembrar).

Hoje recebi um email com uma oração e duas frases me fizeram lembrar muitas coisas que vivi nesta viagem:

"A Vontade de Deus nunca irá levá-lo aonde a Graça Dele não possa protegê-lo." 
"Quando Deus tira algo de você, ele não está punindo-o, mas apenas abrindo suas mãos para receber algo melhor."

Creio que foi exatamente o que se sucedeu em minha viagem, coloquei Deus sempre à frente e segui em frente.

Entreguei minha confiança nas coisas boas. Mesmo tendo dúvidas, medos e pensamentos negativos em vários momentos. Senti medo antes de partir para a fronteira e atravessar para a Argentina. Momentos de pânico em cima da moto em que achei que cairia com a chuva e o vento lateral na Ruta 14, logo no início da viagem em terras argentinas. Infelizmente, penso com freqüência no pior, talvez isso evite a ficar menos displicente.

Mas não fraquejei, encarei tudo com confiança. Não poderia dar errado. Afinal, pessoas queridas e pessoas conhecidas e desconhecidas me apoiaram antes, durante e depois. Meus medos iniciais foram dissipados na primeira pousada que fiquei e no dia seguinte ao encontrar o Eduardo na mesma situação que eu, tão assustado ou mais. Foi bom para mim e espero ter sido para ele. Infelizmente ainda não tenho notícias dele, oro para que esteja tudo bem.

Minha amiga Maria Luiza sugeriu: “imagine o quadro que você quer ver antes de chegar lá”. Pois não é que não fiz nada disso? Deixei rolar, apenas isso.

Sou péssimo com horários, regras, planejamentos. Não consigo levantar cedo, dormir cedo, arrumar bagagem, cumprir quilometragem, achar hotel, prevenir abastecimento.

Mas sou bom em outras coisas. Sei pilotar com responsabilidade, mesmo em alta velocidade. Protejo-me ao máximo para evitar acidentes. Sei cuidar de mim e de quem está comigo. Sou simples, não tenho luxos. Sou adaptável às novas situações.

Depois da travessia do Buquebus percebi que éramos eu e Deus. E fiquei relaxado e aberto a novas experiências. Com poucos medos e muita vontade de fazer o que nunca tinha feito, estive muito receptivo às pessoas que se aproximaram de mim. Aproveitei ao máximo todas as oportunidades.

Conhecer o Gabriel foi muito bom, é meu irmão na Argentina, já disse antes e torno a repeti-lo. Fez mais do que deveria e mais do que eu merecia. Até dormir em sua casa, ele me permitiu. Mas honrei-o em tudo. 

Um lugar especial para mim: o Hotel e Parador El Tagüe (http://www.hoteltague.com.ar/fotos.html). Nunca me esquecerei de lá. Foi onde eu senti que tudo daria certo, pois num momento de fraqueza física fui socorrido por mãos bondosas.

Quero agradecer, imensamente, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que essa viagem acontecesse. Sem eles certamente teria sido mais difícil de executar, mas tornou-se leve realizá-la.


Queria citar todos os nomes que me ajudaram, mas ocuparia mais páginas. Mas essas pessoas eu faço questão de reafirmar:
  • Minha Mãe e minha família
  • Toda a família Morais e Difato, por muito mais que as roupas comemorativas para a viagem
  • Andréia Alves, por tudo; antes, durante e depois
  • Aloísio, grande amigo e parceiro de viagem, pela capa de chuva da mochila e pelo incentivo
  • Cida Buluca, pelo blog
  • Todos da Chopper Motos, especialmente ao Natan pelo empenho em solucionar as dúvidas da moto
  • Moto Roma, especialmente ao Darlei pela nova revisão
  • Daniel Padovani (devo muito a ele nos preparativos e não vou desmerecê-lo)
________
Vamos lá, dicas para Argentina e especificamente Buenos Aires:

  1. Não fique bitolado com as recomendações negativas que você vai receber. Mas não ignore isso. Ouça, mas mantenha a confiança de que pessoas boas sempre existem e em maior quantidade. Eu vivi isso e digo: se não tivesse recebido essas recomendações negativas eu teria aproveitado muito mais. Não espere ouvir de mim esse tipo de recomendação agourenta.
  2. Os argentinos são atenciosos, carinhosos e gentis com todos os turistas. Não tenha medo do castelhano (espanhol argentino, algumas pronuncias são diferentes do espanhol europeu), eles estão altamente preparados para nos receber. Falam muito rápido, mas pisam no freio quando percebem que somos turistas. Não tenha medo de usar o portunhol ou a linguagem dos sinais. Só não peça uma cueca cola.
  3. Não gosta de carne mal passada, como eu? Fique esperto, senão vai virar do avesso também. Daí, só com Alikal. Arrisque-se nas massas e ensaladas.
  4. O trânsito não é mais ou menos caótico que o nosso. Excessos e abusos existem tanto lá como aqui, mas pedestres são respeitados. Respeite a legislação, seja pedestre ou condutor, senão vai ouvir: Che Boludo! Não verá uma única placa de PARE, então fique atento aos cruzamentos. Ter um mapa é imprescindível.
  5. Minha principal recomendação é: vá e divirta-se, converse, ria, emocione-se, arrisque-se, respeite, peça, agradeça, tenha dúvidas, pergunte, não fique só nos pontos turísticos, ande de ônibus, metrô, a pé, seja curioso, fotografe e enriqueça sua vida.
  6. Primeiro faça o city tour do hotel ou da cidade. Depois, peça ou compre um mapa da cidade e um guia de ônibus. Vá e veja com calma o que mais lhe interessa.
  7. Não pense só em compras, mas compre o que quiser e precisar. Mas a viagem não é só isso. É muito mais que comércio. Fiquei muito angustiado pensando o que comprar e para quem comprar. Faça uma lista antes, facilita muito. Bem, no meu caso os imãs de geladeira estão garantidos!
  8. Um conselho: não venha à Buenos Aires com poucos dias, recomendo no mínimo 4 dias.
  9. A voltagem é sempre 220v. Leve ou compre um adaptador como este: 



Palavras que foram importantes para mim:

PALAVRA
TRADUÇÃO
PRONÚNCIA
Despacio
Devagar
Como se lê
Peatone
Pedestre
Como se lê
Peajo
Pedágio
Pearro
Calle
Rua
Cache
Vermelho
Rojo
Rorro
Rubia
Loira
Rubia (RU como coruja)
Habitación
Quarto de hotel
Como se lê
Effectivo
Em espécie, dinheiro vivo
Como se lê
Parilla
Carne na brasa, churrasco
Parricha
Pollo
Frango
Como se lê
Ensaladas
Saladas
Como se lê
Desayuno
Café da manhã
Desajuno
Media luna
Croissant
Como se lê, prefiro as salgadas
Toyota
Toyota
Tojota
Yamaha
Yamaha
Jamarra
Aceite de motor
Óleo de motor
Como se lê
Nafta
Gasolina
Como se lê
Factura
Nota fiscal. No interior factura também se refere a salgados, como coxinha, pastel, etc.
Como se lê
Che Boludo! (a melhor de todas)
Pode ser um insulto (normalmente), um cumprimento entre amigos ou uma expressão tipo: que tonto, que mancada.
Ubicación
Localização
Como se lê

Custo da viagem $$$

Não faço nem idéia de quanto gastei. Tinha aproximadamente R$ 6.000,00 para gastar e ainda voltei com R$ 2.000,00 no bolso. Ao pagar as faturas do cartão de crédito ainda gastei uns  R$ 2.400,00.


O que mais tenho certeza de gasto é com o combustível, tenho todas as notas de compra. Um dia ainda faço essa somatória.


Fico imaginando o custo de uma viagem de 4 dias de avião ou navio. Será que compensa?

Para economizar:

Despegar.com – site idêntico ao Decolar.com, para economizar com hotéis. Paguei US$ 280 para 3 noites em Buenos Aires na rede Best Western Hotéis. Tem outras opções, mas fiquei muito satisfeito com essa.

Tem muito mais lojas além da Av. Florida, mas também não achei muito caro. Galeria Florida é ok, mas lojas caras. Vale para visitar as exposições na parte superior. Lojas Falabella, shopping Unicenter. Bata canela e tenha disposição porque você vai precisar.

Todo o restaurante tem o cardápio exposto. Antes de mesmo de você entrar, já saberá quanto vai gastar. Antes tivéssemos o mesmo aqui em BH.

Para ler, rir e se informar. Outros olhares sobre o mesmo lugar:

http://eneaotil.wordpress.com/dicas-sobre-buenos-aires/ (o melhor de todos, hilário – atenção, dados de 2007, ela voltou em 2009) e esse http://eneaotil.wordpress.com/2011/04/ (não tem nada de Buenos Aires, mas eu adoro o que a Leonor escreve)








Viagens de moto:


http://www.ypf.com/Paginas/Home.aspx (descoberta recente, excelente guia!)

http://www.chardo.com.br/ushuaiarelease.htm (minha primeira referência para viajar a Ushuaia)


http://www.vidavivida.com.br/ (muito do que queria falar está escrito ali)




30º Dia

terça-feira, 3 de maio de 2011


Olá a todos.

Para ouvir lendo esse blog:




ESTOU EM CASA!

Depois de 30 dias e 7.492,2 km eu cheguei em casa inteiro e com muita bagagem, tanto física quanto espiritual. Conheci pessoas, lugares, culturas. Cultivei a amizade, a tolerância, a paciência, o desapego e o amor. Passei por pequenos apuros e grandes alegrias. Fiz o que queria e o que pude fazer, aproveitei o suficiente todas as oportunidades que apareceram. 

Obrigado a todos que conheci e a todos que aqui ficaram torcendo por mim e pelo sucesso da viagem.

Bem, o dia começou antes do celular despertar, acordei antes dele. Abri a porta e deparei com um maravilhoso céu azul, veja a foto e comprove.

Depois de tomar o café colonial do hotel, preparei-me para passear pela cidade, fazia um friozinho, mas não usei nada a mais para me proteger. Consegui suportar bem o frio, provavelmente quem me viu andando desse jeito deve ter achado que sou doido. Não consegui achar nenhum mirante na cidade apesar das placas indicativas. Subi, desci, subi de novo. Fui ao aeroporto da cidade, tirei fotos. Comprei presentes e voltei ao hotel para arrumar, pela última vez, a bagagem.

Vou sentir saudades dessa rotina, rodar o dia inteiro, encontrar hotel, tirar bagagem, acomodar-me, carregar eletrônicos, atualizar blog, responder emails, prosear com amigos, levantar, café, colocar bagagem na moto e rodar de novo.

Enfim, deixei o hotel, passei no portal e mais 2 km, completei 7.000 km no odômetro parcial. E tome curvas, subidas e descidas radicais, Gabriel e fiz um vídeo para ele ver como é a minha terra. Lembrei do Divino e de como ele adoraria dirigir nessa estrada.

Parei no Chalé da Tânia para comprar uma cachaça de banana para presentear ao meu mecânico de moto, Piter. Porém, acho que ele não vai gostar, ele aprecia é uma boa pinga. Tirei foto do Chalé e fui cobrado a tirar uma foto da vaquinha (que tem um nome que esqueci). E prometi mandar um SMS quando chegasse em casa, avisando que cheguei bem e que as garrafas e doces também.

Cheguei a Camanducaia, cidade que todas as outras deveriam copiar: tem placas indicativas que não deixam ninguém em dúvida para onde seguir e alcancei a Fernão Dias.

Avaliei se deveria abastecer na cidade ou na estrada. Decidi pela estrada, só que o tempo foi passando e nada de posto aparecer, já estava com 58 km na reserva, calculei que teria autonomia para mais 27 km. Até que apareceu um pedágio, encostei e pedi informação: tinha um posto 1,5 km à frente em Cambuí. Beleza. Abasteci sentei a mão, até abastecer em Carmo da Cachoeira, fiz 19 km/l. Como esperava chegar em casa com esse tanque, tentei maneirar, consegui chegar tranqüilo.

Até Pouso Alegre, completei o trecho da rodovia que eu nunca havia feito. Mais um sonho realizado. Durante essa tocada, lembrei da minha viagem com o Luiz Rabelo, meu parceiro de viagem com quem mais tive afinidade. Lembrei de vários pontos que percorremos juntos essa estrada.

Lembrei dos meus medos em fazer curvas a mais de 110 km/h. E hoje, me via fazendo curvas a mais de 130-140 km/h. Quanta mudança!

Desde fevereiro deste ano eu me considero pronto-afinado-preparado-profissional. Estou pilotando muito bem, com segurança e destreza. Não sou perfeito, ainda dou umas bobeiras, mas melhorei muito. Uma pena que dessa vez a minha moto não estava 100% como em fevereiro. Melhorou muito desde a revisão em Buenos Aires. Mesmo com o peso excessivo, tive tranqüilidade para conduzi-la.

Parei em Três Corações para realizar outra vontade desde 2009: comer uma traíra sem espinho no Rei da Traíra. Comi com gosto e com calma. Conselho que vi em Monte Verde: a pressa é inimiga da boa refeição.

Depois disso, rotina dos pedágios, paradas para esticar as pernas. Parei em Oliveira, café, xixi, chicletes e caça palavras. Acho que nas próximas viagens vou levar para relaxar durante as pausas. Liguei para minha mãe e anunciei a minha chegada.

De Oliveira a BH foi um pulo. Já tinha escurecido e mesmo assim mantive o ritmo de 100-130 km. Contrariando o padrão, dessa vez foram os caminhões os responsáveis pelos sufocos na estrada. Apenas dois carros cometeram imprudências.

Dois quarteirões antes de chegar em casa eu já estava ficando emocionado.

Fotografei o painel no instante que parei no meu portão. Por apenas 7,8 km eu não completei 7.500 km rodados.

Meu irmão Marcos abriu o portão e nos abraçamos fortemente. Coloquei a moto para dentro e minha mãe veio me receber. Me abraçou e beijou várias vezes. Chorei de emoção, é bom estar em casa e junto da família. Marcone, meu irmão abaixo de mim, também estava em casa.

Pela última vez, descarreguei a bagagem da moto. Ela até ficou mais alta. Ainda tinha que subir escadas e fiz isso com muita calma.

Liguei para minha grande amiga Ana Paula e contar que eu estava bem e feliz. Falei com Débora, Luiz, Divino e Laura.

Ainda tenho que separar as coisas compradas, os presentes, peças para guardar. Retomar a rotina, resolver o problema do chip do celular. Planejar a agenda de atendimentos, coisas práticas.

Uma grande viagem, uma grande aventura. Impossível de ser realizada sem planejamento, sem a ajuda dos amigos, sem o apoio da família. Tenho uma lista de pessoas a agradecer, mas farei isso pessoalmente.

Ainda vou postar coisas práticas e alguns dados (se possível).

Abraço a todos.

Marcio