Blog no ar, ultima postagem antes de chegar ao Brasil

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Estou em Montevidéu, saio quinta, chegando ao Brasil à noite.

Abraços,


24º Dia - Boulogne a Buenos Aires a Montevidéu

Olá a todos.

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Daniel Padovani, obrigado por ter me proporcionado essa aventura.
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Dormi essa noite na casa de Gabriel e Jimena. Prepararam-me uma cama na sala e não senti frio durante a noite.

Durante a manhã Gabriel precisou cuidar de assuntos particulares e eu fiquei conversando com seus Jimena e filhos. Antes disso ele já tinha feito a consulta ao Buquebus (empresa de transporte fluvial) sobre horários e valores. Eu tinha a possibilidade de partir hoje ou amanhã, porém, vários horários estavam com lotação esgotada. Como não me decidi, ele se foi.

Consultei a internet para cuidar de bancos e emails. Não havia a possibilidade de comprar a passagem pela internet, apenas por causa da moto. Gabriel me ligou e perguntou se podia comprar a passagem já que ele estava perto do Buquebus. Dei-lhe o aval e de lá me ligou para perguntar os dados. Acabei comprando a passagem para hoje mesmo, às 15h30min, classe turística com bodega (transporte de veículos), $ 762 pesos (R$ 293).

Seus filhos saíram para a escola por volta de 12h e assim que Gabriel retornou, fui buscar o restante de documentos e pesos e dólares que ficaram na moto. A garagem onde ele guarda a pickup e sua moto BMW fica no quarteirão de cima e fui pilotando sua moto com ele na garupa. Foi muito bom, que pena que não aceitei no dia em que lhe conheci, pilotar sua moto. Se um dia a BMW Brasil lançar essa moto com preço similar ao da XT (vai sonhando), eu a comprarei.

Retornamos e em seguida, após a confusão de contar dinheiro fomos a uma casa de câmbio para efetuar a troca dos pesos argentinos para reais, já que não tinham pesos uruguaios nem dólares. Cambiei quase tudo, ficando com apenas 22 pesos e algumas moedas. Ainda tenho US$ 500 que pretendo usar para quitar as dívidas de hotel, alimentação e combustível.

Confesso que fiquei emocionado ao me despedir do Gabriel. Foi um amigo inesperado, meu anjo. Cuidou de mim, me auxiliou a conseguir tudo que eu precisava, me levou para passear ao campo. Pagou todas as minhas despesas, não me deixou gastar um centavo. Trouxe-me para dentro de sua casa, deixando-me sozinho consertando seu computador (era para ele me pagar, mas consegui ludibriá-lo e não cobrei por isso). Quem faria isso com um desconhecido? Ainda mais um estrangeiro, perdido na Argentina? Acredito que muitos não fariam isso.

Entretanto, ele fez isso e muito mais. Não tenho como lhe pagar. Sinto agora não ser um cara mais falante para poder lhe contar mais coisas do Brasil, de minha vida, minha família e meus amigos.

Apesar de tudo fui um bom companheiro. Sentirei saudades de nossas brincadeiras.

Como Jimena ganhou um sorteio de uma viagem, precisava ir a Buenos Aires para receber o premio, eles me acompanharam em parte do trajeto. Apesar de ler no mapa qual era o caminho eu não me senti seguro para ir sozinho. Até parte do caminho o Gabriel me acompanhou e, claro, eu consegui errar novamente o caminho e acabei pagando o pedágio. Enfim, assustado com o tempo escasso, fomos sair de casa por volta das 14h45m, eu me desesperava e não parei para ler o mapa. Fui perguntando a todos os taxistas e tive que cometer uma infração, fazendo um retorno proibido na frente de vários veículos. O cara no scooter não gostou muito, mas não pude fazer nada. Se tivesse que fazer o retorno correto iria me atrasar mais ainda.

Consegui chegar à estação do Buquebus em cima do horário, fui o último a entrar e fui recebido cordialmente por todos os funcionários, que me levaram à imigração. Fui liberado para adentrar e coloquei a moto no devido lugar. O Buquebus partiu com 15 minutos de atraso, êta brasileiro boludo.


Peguei o netbook e o mapa e entrei para o salão de passageiros. Sentei-me perto da parte frontal, ao lado de um rapaz. Havia rede sem fio, porém hoje não estava funcionando a internet.


Como não tenho assento fixo, fui ao freeshop assim que foi liberado. Fiquei rodando entre as prateleiras para ver o que tinha disponível. Fui atendido por uma simpática uruguaia de Chuy, Patrícia, que me ajudou a escolher um perfume para mim e os perfumes encomendados por minha amiga Marcia. E acabamos conversando por uns 30 minutos, recebi muitas indicações de passeio por Montevidéu e de pontos turísticos que eu deveria conhecer e por qual caminho seguir. Está decidido: irei pelo litoral até o Chuy/Chuí (a mesma cidade dos dois lados da fronteira).


Sobre a viagem no Buquebus, quem já passeou de barco ou balsa, sabe como é. O incrível é pensar que as águas que estamos percorrendo são de um rio e não de um mar. Um pouco de balanço, nada muito ruim. Mas acho que o sanduíche que comi não me caiu bem, espero não vomitar até o final. O perfume que testei pode ter me ajudado a ficar um pouco enjoado. Gastei os $ 22 pesos e ainda me sobraram algumas moedas.


Pontualmente às 18h32m eu aportei em Montevidéu. Fui o último a sair do Buquebus. Fiz a aduana muito rápida: apenas documentos e perguntas para onde ia. Muito gentis e simpáticos. Não consegui um carimbo no passaporte, teria que ir a algum lugar e não me senti disposto a isso.

Rodei uns 15 km pela costa até chegar a um posto de gasolina onde um senhor puxou assunto comigo. Fez observação sobre a quantidade de coisas na moto. Respondi que estava um quilombo (aqui e na Argentina significa bagunça) e rimos. Perguntei-lhe seu nome, Eugênio, e onde poderia achar um hotel e mapas. Coincidentemente, ele é o dono do posto e me deu o mapa de presente, veja só. Indicou um hotel, que não vi e fui parar no Hotel Costa Verde. O hotel não é muita coisa e não tem café da manhã, porém, não tem escadas para subir e a moto fica em frente à porta (legal né, Sr. Marcio Urias?). Custou-me $ 1.100 pesos uruguaios, porém aqui é mais fácil pagar em dólar (US$ 61) nosso real não é aparentemente bem recebido.


Escrevi esse post e vi um shopping bem atrás do hotel. Achando que era longe, fui de moto. Saí e já entrei nele. Fui até o estacionamento e me disseram que estavam fechando. Perguntei onde havia um restaurante e a resposta: do lado do hotel tem uma pizzaria!!! Che Boludo!


Retornei, parei e pedi uma pizza (quadrada) de mussarela. Chegou um rapaz que ficou olhando a minha moto e conversamos a trancos e barrancos. Depois que comi, conversamos mais uma vez perto da moto e foi outro que perguntou sobre a antena corta pipa na moto. Foi difícil explicar para ele o que é papagaio (ou pipa) e linha de cerol.



Lembrei-me que Vidal ficou assustado e disse que não viria de moto ao Brasil de jeito nenhum. Nem vai ser necessário, pois o pai dele já disse que vai colocar fogo em todas as suas motos!


A pizza me custou $ 51 pesos ou US$ 3 ou R$ 5. O câmbio varia de US$ 0,055 a 0,059. O câmbio oficial diz ser US$ 0,053 portanto, não é uma perda muito grande.


Amanhã eu voltarei ao posto onde ganhei o mapa, tomo café e abasteço, dali vou passar por várias cidades, inclusive Punta del Este. Serão uns 330 km até Chuy. De Chuí até BH, mais 2.200 km.

Amanhã eu volto a esse posto, tomo café e abasteço, dali vou passar por várias cidades, inclusive Punta del Este. Serão uns 330 km até Chuy. De Chuí até BH, mais 2.200 km.

Provavelmente na próxima noite eu já dormirei no Brasil.

Ô, saudade de arroz com feijão.

Abraço a todos.

Marcio
Joaquim


O Bonitão


Renata, eu e Joaquim


Interior do Buquebus,  parece um avião


Deixando Buenos Aires para trás


Parte traseira externa do Buquebus 
Salão da classe turística 
Tudo isso é um rio


Por do sol no rio da Plata


Parte externa dianteira do Buquebus, observem os carros 


A moto na bodega do Buquebus


Fila para aduana
Única foto de Montevidéu